Quote da Semana

"Se você vai tentar, vá até o fim.
Caso contrário, nem comece."

- Charles Bukowski.

Resenha: Extremamente alto e incrivelmente perto por Jonathan Safran Foer.

Nunca é possível reconhecer o último momento de felicidade que antecede uma tragédia. Seja ela o ataque às torres do World Trade Center, seja o cruel bombardeio aliado sobre Dresden, que arrasou a cidade e a população civil da histórica cidade alemã na Segunda Guerra Mundial. Portanto, dificilmente há tempo de verbalizar o amor que se sente pelas pessoas próximas que, por um golpe do destino, tornam-se distantes. Esta constatação e os dois acontecimentos históricos guiam 'Extremamente alto & incrivelmente perto'. O principal narrador do livro, Oskar, é um menino extremamente inteligente de 9 anos de idade, sofre com a morte do pai, uma das vítimas do ataque ao World Trade Center, que estava no local da tragédia por um mero acaso - uma reunião no Windows of the World, o restaurante no último andar de uma das torres. A dor de Oskar não vem só da perda, mas do fato de julgar ser o único a ouvir as últimas palavras emitidas pelo pai, deixadas numa secretária eletrônica.

" Oskar Schell
Inventor, desenhista de joias, fabricante de joias, entomologista amador, francófilo, vegan, origamista, pacifista, percussionista, astrônomo amador, consultor de informática, arqueólogo amador, colecionador de: moedas raras, borboletas que morreram por razões naturais, cactos em miniatura, memorabilidade dos Beatles, pedras semipreciosas e outras coisas." pág. 113

Isso é o que está escrito no cartão de Oskar Schell. E veja bem, ele só tem 9 anos!

A pessoa que Oskar mais amava no mundo era seu pai, e quando ele morre no atentado de 11 de setembro, o seu mundo vira de cabeça para baixo.

Com quem mais ele vai passar horas procurando erros no New York Times? Quem mais vai poder dar respostas tão boas para suas dúvidas? Com quem mais ele vai explorar o Central Park para solucionar mistérios imaginários?

Oskar ouviu as mensagens de voz que seu pai deixou no telefone, pouco antes de morrer. O fato dele ter sido o último a ouvir a voz do pai, o perturba. Não conseguiram achar o corpo de seu pai, então ele não faz ideia de como ele morreu. Apenas tenta imaginar.

"Qual eu escolheria? Pular ou queimar? Acho que pularia, porque daí eu não precisaria sentir dor. Por outro lado, talvez eu fosse queimar, porque assim eu pelo menos teria uma chance de escapar de algum jeito, e mesmo se não conseguisse, sentir dor é melhor do que não sentir, não é?" pág.269

Tenta também fazer invenções que poderiam ter salvado seu pai. Lembrar de coisas que os dois fizeram juntos, para jamais deixar que seu cérebro apague as lembranças que tem dele.

Então, um dia andando no closet de seu pai, Oskar encontra um vaso. Quando tenta pegá-lo ele se quebra. Dentro ele encontra um envelope. A única coisa escrita no envelope é a palavra "Black". E dentro, há uma chave.

Assim começa sua aventura em busca da fechadura que aquela chave abre. Ele acredita que achando-a poderá ter mais alguma coisa de seu pai. Algo novo, como se ele estivesse vivo. Ao longo da procura pela fechadura, Oskar vai conhecer muitas pessoas, completamente diferentes umas das outras.

O livro é dividido em três narradores. Oskar, mostrando seus sentimentos em relação a perda de seu pai e a busca pela fechadura por toda Nova York.
A avó de Oskar, escreve para ele. Contando sua história. Suas perdas, os medos que ela teve, como as coisas aconteceram para que sua vida fosse como é no presente.
E o terceiro narrador é o avô de Oskar, o mudo. Ele escreve cartas para o pai de Oskar. Contando sua história também. O que o fez ser ausente, como ele ficou mudo - essa parte me deixou tão curiosa!

É uma história, também, da família do Oskar. As três narrações são muito boas e surpreendentes. Apesar da narrativa central ser do Oskar, as outras são igualmente boas.

Já li alguns livros em que crianças narravam as histórias. Mas fiquei deslumbrada com a narrativa e o jeito de contar a história desse autor. Ele narra maravilhosamente bem sob a perspectiva de personagens completamente diferentes.

Oskar é encantador! Não queria que o livro acabasse porque sabia que eram as únicas páginas em que poderia estar na cabeça dele. Ele é muito inteligente e ao mesmo tempo muito inocente.

Os outros dois narradores também tem histórias tão tocantes. É um livro sobre perda. Que mostra pessoas que sofreram com ela, embora de modos diferentes. Como lidam e tentam superar.

Falar sobre esse livro é uma tarefa mais que difícil. Todas as linhas são boas e tocantes. Terminei ele no início do mês e achei que seria melhor esperar um tempo para escrever uma crítica, para que ela ficasse mais a altura da obra. Mas me dei conta de que será impossível escrever uma crítica a altura do livro.

Só posso dizer que é um livro marcante. Tudo nele é marcante, dos personagens até o jeito de narrar. É aquele livro que anos depois você ainda vai se lembrar.

A arte gráfica do livro está bem interessante. Ele tem imagens e palavras marcadas, como se o personagem tivesse circulado as palavras. A parte de tradução e revisão também ficaram muito boas. Nada a reclamar. Gosto bastante da capa também. Apesar de ser um livro mais caro, vale a compra.

Esse foi o único livro do Jonatha Safran Foer que li. Mais pretendo mudar isso ainda esse ano.

O livro baseou o filme Tão forte e tão perto, do qual ainda não posso falar nada porque ainda não tive coragem de assistir. Medo de estragarem o livro.

Onde comprar o livro? Saraiva/ Siciliano.

Assista ao trailer do filme:
Quotes!

" Enfim, o fascinante é que li em National Geographic que há mais pessoas vivas agora do que todas as que morreram na história da humanidade. Em outras palavras, se todo mundo quisesse interpretar Hamlet ao mesmo tempo, não seria possível, pois não dá caveiras suficientes!" pág.13

" Na verdade, se as limusines fossem extremamente compridas, elas não precisariam de motoristas. Você poderia simplesmente entrar no banco traseiro, camilhar pela limusine e depois descer pelo banco da frente, que ficaria onde você precisa ir." pág.15

" "Mas se você não me disser nada, como posso acertar?" Ele circulou algo em uma matéria e disse "Olhando de outro ângulo, como pode errar?" ". Pág. 20

" ... se a ignorância é uma benção eu não sei, mas é tão doloroso pensar, e me diga, de que serviu meu pensamento, o a que grande lugar o pensamento me levou?" pág.28

" ... foi um dos melhores dias da minha vida, um dia ao longo do qual vivi a minha vida sem pensar nela em momento algum." pág. 39

" Tinha experimentado a alegria, mas não o suficiente, e existiria o suficiente? O fim do sofrimento não justifica o sofrimento, portanto o sofrimento não tem fim, que farrapo eu sou, pensei, que idiota, que tolo e tacanho, que inútil, tão atormentado e patético, tão impotente" pág.44

" Quero lhe contar tudo, sem deixar nenhum detalhe de fora. Mas onde fica o começo? E o que é tudo?" pág.88

" Espero que um dia passe pela experiência de fazer algo que não compreende por alguém que ama." pág.89

" " Bem, não estou falando em pintar a Mona Lisa ou achar a cura para o câncer. Estou falando somente de mover um milímetro aquele grãozinho de areia." " E?"  " Se você não tivesse feito isso, a história da humanidade teria sido de um jeito..." " Hum-hum?" " Mas você fez, portanto...?" Fiquei em pé na cama, apontei o dedo para as estrelas de mentirinha e gritei: "Mudei o curso da história da humanidade!" " pág. 99

" " O ser humano é o único animal que enrubesce, ri, tem religião, declara guerra e beija com os lábios. Por isso, de certo modo, quanto mais usar os lábios para beijar, mais humano você é" " pág.113

" " Ele tinha células, e agora elas estão no telhado dos prédios, no rio e nos pulmões de milhoẽs de pessoas em Nova York, que respiram ele toda vez que abrem a boca para falar!" "pág.188

" Sentia sua falta mesmo quando estava a seu lado. Esse tem sido o meu problema. Sinto falta do que já tenho, e me cerco de coisas que estão faltando." pág.193

" ...é uma pena que seja necessário viver, mas é uma tragédia que possamos viver apenas uma vida." pág.198

" Passei a vida aprendendo a sentir menos.
  Isso é envelhecer? Ou é algo pior?
  Não é possível proteger-se da tristeza sem antes proteger-se da felicidade." pág.199

" ... nada pode ser amado com mais intensidade do que aquilo que nos faz falta." pág.229

" O pensamento me manteria vivo. Mas agora estou vivo e o pensamento está me matando." pág.237

" Tenho tanto medo de perder algo que amo que me recuso a amar qualquer coisa." pág.238

" Nada é capaz de convencer alguém que não quer ser convencido. Mas há numerosas pistas à disposição de quem deseja acreditar." pág.244

" É melhor perder do que jamais ter.
  Perdi algo que nunca tive.
  Você tinha tudo." pág. 343

" " Eu estava com medo." " Medo de quê?" " Medo de perdê-lo." " Você tinha medo que ele morresse?" " Eu tinha medo que ele vivesse." " Por quê?"  Ele escreveu " A vida é mais assustadora que a morte." " pág.355

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4 comentários

  1. Quero MUITO ler esse livro! Muito mesmo. Mas ele é um pouco caro, como você falou. Por isso que ainda comprei... Mas pretendo mudar logo isso porque só ouvi coisas boas sobre ele :D
    A história dele é maravilhosa e Oskar parece realmente um ótimo personagem. Adoro crianças mega inteligente em livros haha
    beijos
    Julia - Três Lápis

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  2. Ainda não tinha ouvido falar desse livro e confesso que, após ler sua resenha, fiquei muito interessada por ele. A história parece ser muito emocionante e diferente de tudo que já li.
    Quanto a minha avaliação de A Culpa é das Estrelas, deixe-me tentar explicar (usahsauh): sou muito exigente para dar nota máxima para um livro. A Culpa é das Estrelas é lindo, tocante e não possui nenhum defeito nele, mas ainda assim não é tão desenvolvido quanto outros, e coisas do gênero. Entende? Sei lá, é difícil de explicar. :X usahsausha
    Beeeijos

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  3. Não conhecia o livro mas fiquei interessada. Você gostou tanto!

    Beijocas,
    Thais Priscilla
    http://thaypriscilla.blogspot.com

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  4. Eu fiquei conhecendo este livro aqui neste blog e achei a história bem interressante.

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